SOBRE A DIVINDADE

1 – Existe algum boa ilustração que ajude a entender o trio celestial (Pai, Filho e Espírito Santo) como um só Deus?

O uso de exemplos e ilustrações certamente tem sua utilidade como recurso didático no ensino de verdades bíblicas. Entretanto, deve-se ter em mente que toda comparação é limitada e imperfeita. Especialmente no tocante à divindade, há uma advertência quanto a comparar a divindade com as coisas criadas. O Espírito de Profecia diz o seguinte:

Fui instruída a dizer: Os sentimentos dos que andam em busca de avançadas idéias científicas, não são para confiar. Fazem-se definições como essas: “O Pai é como a luz invisível; o Filho é como a luz corporificada; o Espírito é a luz derramada.” “O Pai é como o orvalho, vapor invisível; o Filho é como o orvalho condensado em uma bela forma; o Espírito é como o orvalho caído sobre a sede da vida.” Outra apresentação: “O Pai é como o vapor invisível; o Filho como a nuvem plúmbea; o Espírito é chuva caída e operando em poder refrigerante.”

Todas essas definições espiritualistas são simplesmente nada. São imperfeitas, inverídicas. Enfraquecem e diminuem a Majestade a que não pode ser comparada nenhuma semelhança terrena. Deus não pode ser comparado a coisas feitas por Suas mãos. Estas são meras coisas terrenas, sofrendo sob a maldição de Deus por causa dos pecados do homem. O Pai não pode ser definido por coisas da Terra. O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e invisível aos olhos mortais.

O Filho é toda a plenitude da Divindade manifestada. A Palavra de Deus declara que Ele é “a expressa imagem de Sua pessoa”. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que toda aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” Aí se manifesta a personalidade do Pai.

O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à trindade celeste; em nome destes três grandes poderes — o Pai, o Filho e o Espírito Santo — os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo. — Special Testimonies, Série B, 7:62, 63 (1905). – Evangelismo, p. 61.

2 – Quem é Deus, o Pai, e qual é Sua função na divindade?

Nos termos da Crença Fundamental n. 3 da Igreja Adventista do Sétimo Dia, “Deus o Eterno Pai, é o criador, o originador, o mantenedor e o soberano de toda a criação. Ele é justo e santo, compassivo e clemente, tardio em irar-Se, e grande em constante amor e fidelidade”.

Assim, Deus, o Eterno Pai, é o Criador (Ap 4:11) e o Mantenedor (At 17:24-28) de todas as coisas, o Juiz de todos os seres conscientes (Hb 12:23) e o Soberano de todo o Universo (At 4:24). Ele é o cabeça ou líder das pessoas da divindade (1Co 11:3).

O Filho, por Sua vez, é o executor divino da vontade eterna do Pai. É o agente ativo do Pai, compartilhando da mesma natureza e atributos. Deus, o Pai, criou o céu e a terra por meio de Seu Filho (Cl 1:16; Hb 1:3). É por meio de Jesus que Deus busca salvar o mundo (Jo 3:16, 17). Também será por meio do Filho que o Pai julgará o mundo (Jo 5:22; At 10:42; 17:31; Rm 2:16).

Nenhum ser humano jamais viu Deus, o Pai (Jo 6:46). Adão e Eva interagiram com o Filho de Deus, que é o Anjo (ou Mensageiro) do Senhor. A pessoa divina que Se comunicava com Moisés era o Filho Eterno. A Bíblia fala do Pai como o “bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a Quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver” (1Tm 6.15 e 16). “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é Quem O revelou” (Jo 1.18). Jesus veio para salvar o homem e revelar o caráter de Seu Pai.

3 – Se Jesus tem natureza divina, como pode ter efetivamente morrido na cruz?

O Espírito de Profecia declara:

A natureza humana do Filho de Ma­ria se transformou na natureza divina do Filho de Deus? Não; as duas naturezas foram misteriosamente mescladas em uma pessoa – o homem Jesus Cristo. NEle habitava corporalmente toda a divin­dade. Quando Cristo foi crucificado, foi Sua natureza humana que morreu. A divindade não sucumbiu e morreu; isso seria impossível. Cristo, Aquele que não pecou, salvará cada filho e filha de Adão que aceitar a salvação que lhes é oferecida, consentindo em se tornarem filhos de Deus. O Salvador comprou a raça caída com Seu próprio sangue.

Isso é um grande mistério, um mistério que não será inteira e completamente compreendido em toda sua grandeza até que os re­dimidos sejam trasladados. Só então o poder, a grandeza e a eficácia do dom de Deus para o homem serão entendidos. Mas o inimigo está determinado a fazer com que essa dádiva seja tão mistificada que venha a tornar-se como nada (Carta 280,1904). – Comentários de Ellen G. White sobre Marcos 16.6, em: Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5, p. 1242.

Afirmação semelhante ocorre neste outro texto de Ellen G. White: “Eu sou a ressurreição e a vida.” João 11:25. Aquele que disse: “Dou a Minha vida para tornar a tomá-la” (João 10:17), ressurgiu do túmulo para a vida que estava nEle mesmo. A humanidade morreu; a divindade não morreu. Em Sua divindade, possuía Cristo o poder de romper os laços da morte. Declara Ele que tem vida nEle mesmo, para dar vida a quem quer. – Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 301.

Artigo escrito por Henderson Hermes Leite Velten.

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